15 de setembro
DANÇA
DUETO
DIANA NIEPCE
21h
JARDIM PÚBLICO
DESCRIÇÃO
Existimos com o outro, num conflito que aproxima amor e morte. Está presente uma luta que implica esta relação, e só assim podemos viver uma verdade na intimidade. A possibilidade de viver essa verdade no nosso horizonte nunca pode ser feita sem estarmos dispostos a passar pela crueza da mutação que desfigura a própria noção de corpo utópico. Esta metamorfose só acontece em conjunto e contra o corpo do outro, e nela reside a violência oculta de uma subversão de papéis.
FICHA TÉCNICA
Direção artística e coreografia > Diana Niepce
Performers > Diana Niepce, Hugo Cabral Mendes
Desenho de luz > Carlos Ramos
Som > Jonny Kadaver
Figurinos > Mariana Sá Nogueira
Fotografia > Alípio Padilha
Casa de Produção > Produção d’Fusão
Residência de co-produção > O Espaço do Tempo
Coprodução > Centro Cultural de Belém
territórios de investigação
A arte contemporânea estabelece-se num campo híbrido, de constante investigação e pesquisa, que se manifesta na urgência de mudar o sistema. Esta prática de autoconhecimento, desenvolvimento, questionamento, estudo e estratégia transporta o trabalho em direção ao desconhecido criando, muitas vezes, e através do gesto de provocação que é inerente ao objeto artístico, uma sensação de desconforto.
Na dança isto acontece maioritariamente através do corpo normativo - especialmente corpos homogéneos e convencionalmente atraentes - que discrimina todos os que não se enquadram na norma. Mostrar esta beleza violenta e crua, que diverge da perceção da norma, possibilita a criação de novos padrões de valores estéticos, assim contribuindo para a mudança na forma como nos vemos a nós próprios e ao outro.
De que forma podemos trabalhar as barreiras? De que forma podemos trabalhar o corpo? De que forma especulamos e criamos um estereótipo que não corresponde à realidade?
As opções artísticas e conceptuais aqui tomadas refletem uma linha de experimentação que, aliada aos limites físicos e sem concessões, criam desconforto pela intimidade extrema a que se propõe.
Um dos objetivos desta proposta é o de reivindicar a urgência das artes performativas se abrirem à diversidade, de questionarem as políticas de género e identitárias, de promoverem um novo modelo de corpo levando, consequentemente, a uma reflexão social e o subsequente desenvolvimento do pensamento crítico acerca destes temas. A obra propõe-se a promover a rutura dos dogmas normativos e padronizados do corpo.
O corpo revela a sua identidade enquanto manifesto, procura reformular as convenções do vocabulário da dança. Interessa-me reformar os conceitos de inclusão, através da reinvenção da relação do corpo com o mundo. O mundo e o corpo como dispositivos performativos de um ativismo assumido que procura despoletar a mudança.
BIOGRAFIA
Diana Niepce (1985)
Diana Niepce é bailarina, coreógrafa e escritora. Formou-se na Escola Superior de Dança, fez Erasmus na Teatterikorkeakoulun (em Helsínquia), fez uma pós-graduação em Arte e Comunicação na Universidade Nova de Lisboa, completou a formação CPGAE do Fórum Dança e é também professora habilitada de hatha-
yoga. Em 2014 sofreu uma queda de um trapézio que a deixou tetraplégica e a obrigou a uma profunda reformulação da sua identidade artística.
É criadora das peças “Anda, Diana” (2021), “T4” (2020), “Raw a nude” (2019), “12 979 Dias” (2019) e Dueto (2020). Enquanto bailarina e performer colaborou com o Bal-Moderne - Companhia Rosas, Felix Ruckert, Willi Dorner, António Tagliarini, Daria Deflorian, La fura del baus, May Joseph, Sofia Varino, Miira
Sippola, Jérôme Bel, Ana Borralho e João Galante, Ana Rita Barata e Pedro Sena Nunes, Mariana Tengner Barros, Rui Catalão, Rafael Alvarez, Adam Benjamin e Justyna Wielgus. Publicou um artigo no livro “Anne Teresa de Keersmaeker em Lisboa” (ed. Egeac/INCM), o conto infantil “Bayadére” (ed. CNB) e o poema “2014” na revista Flanzine. Júri do prémio acesso-cultura 2018 e Júri oficial do Festival - Inshadow 2018.